Sumário executivo

A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL é o mais antigo órgão regulador independente do Brasil. Ele regula a geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica.

Criada em 1996, a ANEEL tem sido fundamental para o desenvolvimento e liberalização do setor elétrico brasileiro e construiu sua reputação como um regulador econômico competente com a ambição de liderar e de se superar. As partes interessadas reconhecem a ANEEL como um regulador tecnicamente capaz, com um quadro de pessoal altamente qualificado que garante uma base sólida de evidências para a tomada de decisão. Num contexto de esforços nacionais anticorrupção, a ANEEL implementou uma série de medidas de transparência e fortes arranjos institucionais para manter a integridade da tomada de decisão.

Com base nos resultados sólidos desse trabalho e na sua reputação, a ANEEL pode fazer um esforço ainda maior para criar uma cultura de independência em suas relações com as partes interessadas e ir além para se afirmar como um regulador de nível internacional. Isso exigirá um diálogo transparente com as partes interessadas do setor quanto aos papéis e responsabilidades na concepção e implementação da "modernização do setor".

Futuramente, a ANEEL também precisará definir uma agenda estratégica abrangente para além da tomada de decisão técnica e usar sua discricionariedade dentro das exigências legais e técnicas para garantir que as ações regulatórias beneficiem os objetivos da política de longo prazo para o setor. Ao fazer isso, a ANEEL pode promover mudanças que salvaguardem sua autonomia com relação a seus recursos. Por fim, ao conceber e implementar processos, o regulador precisará se concentrar na sua qualidade e nos seus resultados para garantir métodos simplificados de trabalho e evitar a burocratização.

A ANEEL tem sido bem-sucedida em orientar a expansão do setor elétrico brasileiro e construiu uma reputação de competência técnica e transparência. Entretanto, o setor está atualmente passando por muitas transições, tais como uma mudança em direção às energias renováveis e à geração distribuída e uma maior liberalização do mercado de fornecimento. Isso pode colocar em risco a clareza de papéis no futuro, principalmente em novas áreas regulatórias.

A ANEEL utiliza atualmente uma estrutura estratégica que inclui 16 objetivos estratégicos, a maioria dos quais são voltados para dentro e dos quais apenas 2 estão focados em resultados. Essa estrutura pode levar a uma falta de foco e dificultar ainda mais a priorização das ações mais efetivas.

  • Iniciar um esforço para definir uma abordagem regulatória abrangente para a ANEEL que coloque o órgão como um dos principais motores da modernização do setor, definindo uma agenda estratégica abrangente e inovadora com um número limitado de objetivos principais.

  • Facilitar a inovação e melhorar a eficiência e a efetividade das ações da ANEEL através de marcos regulatórios ágeis, redução da "burocracia" e foco nos resultados.

  • Aproveitar as plataformas existentes e defender uma maior coordenação para esclarecer papéis e responsabilidades diante de um setor em rápida transformação.

  • Dialogar com as partes interessadas governamentais e não governamentais para demonstrar a importância da independência da ANEEL como regulador do setor como um meio de melhorar o ambiente de investimento e os resultados no setor.

Embora o financiamento da ANEEL venha das taxas pagas pelos agentes do mercado, a previsibilidade e independência do seu financiamento pode ser prejudicada durante todo o ciclo orçamentário com cortes implementados pelo governo e pelo Congresso, desviando a receita das taxas para o orçamento geral do governo. Embora a ANEEL crie planos de contingência prevendo possíveis reduções em seu orçamento, os cortes anteriores foram suficientemente severos para fazer com que a agência suspendesse certos serviços.

A equipe técnica da ANEEL é altamente respeitada, mas sua capacidade de recrutar certas categorias de colaboradores está aquém do número permitido por lei devido a restrições governamentais que a impedem de contratar a quantidade necessária de servidores públicos permanentes. Isso obriga a agência a "fazer mais com menos" e a contar mais com profissionais terceirizados. A ANEEL conta com um quadro de pessoal altamente qualificado e a ampliação do treinamento para certas habilidades analíticas especializadas ajudará a garantir que o conhecimento do seu quadro de pessoal acompanhe as transformações do setor.

  • Defender a retenção das receitas necessárias para o desempenho de suas funções e taxas que reflitam os custos, a fim de salvaguardar um nível adequado e previsível de financiamento e assegurar que os atores do setor estejam pagando uma taxa "justa".

  • Avaliar e comunicar o déficit exato de colaboradores e de competências para justificar a contratação de novos servidores públicos pela agência.

A ANEEL é uma agência grande com 23 departamentos. Embora muitas atividades envolvam várias equipes, a estrutura e o tamanho da agência poderiam levar ao surgimento de silos. A diretoria trabalha em estreita colaboração com seus departamentos técnicos.

A ANEEL foi pioneira na aplicação sistemática da análise de impacto regulatório (AIR) no Brasil para ajudar a garantir que a tomada de decisão regulatória seja da mais alta qualidade. A ANEEL deve realizar a AIR antes de adotar ou modificar as normas, com certas isenções permitidas. O órgão implementou uma série de boas práticas em sua AIR, incluindo uma comissão técnica que desenvolve a capacidade interna. Embora a norma da AIR da ANEEL também exija planos para preparar a análise ex post, a agência está atualmente desenvolvendo um programa de avaliação ex post para analisar como as normas estão cumprindo seus objetivos.

A ANEEL implementou procedimentos para consultar as partes interessadas e mecanismos para melhorar a qualidade da sua participação. Seus processos não têm atraído sistematicamente uma ampla participação do público e a agência tem um objetivo estratégico de aumentar a representação na tomada de decisão.

  • Considerar um maior uso de equipes transversais em toda a organização para evitar silos organizacionais e melhorar o alinhamento horizontal.

  • Aumentar o foco da diretoria na agenda estratégica da agência e sua discricionariedade regulatória, procurando delegar mais a tomada de decisão técnica.

  • Continuar trabalhando em prol da integração da avaliação ex post como parte integrante do ciclo regulatório e de uma aplicação consistente em toda a organização.

  • Garantir a igualdade de condições no envolvimento das partes interessadas no processo regulatório, inclusive reforçando o uso dos conselhos consultivos.

A ANEEL publica dados sobre a organização e o setor em seu site, que podem ser usados para acompanhar seu desempenho. Ainda assim, existem alguns problemas com a qualidade dos dados e nem todas as informações estão disponíveis on-line. O regulador está procurando melhorar a qualidade e a divulgação dos seus dados, por exemplo, através do seu plano de dados abertos.

A ANEEL monitora seu próprio desempenho através de um conjunto de 61 indicadores de desempenho vinculados a seus objetivos estratégicos, os quais são informados em seu relatório anual. O grande número de indicadores pode dificultar ainda mais a avaliação de desempenho do regulador e do setor pelas partes interessadas.

  • Aumentar o foco dos indicadores de desempenho para permitir um acompanhamento mais fácil do desempenho da agência.

  • Aumentar a disponibilidade de dados públicos sobre o regulador e o setor e consultar as partes interessadas sobre as necessidades de dados, a fim de garantir processos regulatórios transparentes e confiáveis.

Disclaimers

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Nota de rodapé de todos os Estados membros da União Europeia, da OCDE e da União Europeia
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