Capítulo 1. Digitalização e emprego em África no contexto da COVID-19 e para além da pandemia

A pandemia da COVID-19 e a subsequente crise mundial sublinham a urgência de as economias africanas criarem estruturas produtivas mais fortes e resilientes. Embora no momento da redação deste relatório, ao longo dos segundo e terceiro trimestres de 2020, a propagação do vírus em África estivesse relativamente limitada por comparação com outras regiões do mundo, a paragem súbita da atividade económica provocou um choque significativo (ver Capítulo 8 sobre o financiamento do desenvolvimento dos países africanos). Para enfrentar esta situação sem precedentes, a maioria dos países africanos tomou medidas orçamentais temporárias, não obstante uma margem de manobra relativamente limitada (Figura 1.1). Além disso, vários bancos centrais implementaram programas de estímulo monetário (FMI, 2020a). No entanto, 41 economias africanas serão afetadas por uma recessão em 2020, de acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (realizadas em outubro de 2020). Este número deve ser comparado com a crise financeira mundial de 2009, durante a qual apenas 11 países africanos entraram em recessão.

As autoridades africanas implementaram inúmeras soluções digitais para combater a pandemia da COVID-19 a nível local, nacional, regional e continental. Os ministérios da educação de 27 países africanos conseguiram criar plataformas eficazes de aprendizagem eletrónica para os estudantes já em maio de 2020 (UNESCO, 2020). A maioria dos bancos centrais africanos incentivou fortemente a população a utilizar os serviços de pagamento digital (GSMA, 2020b)1. Os centros africanos de controlo e prevenção de doenças lançaram – em colaboração com 20 fundações e parceiros internacionais – uma plataforma eletrónica sem fins lucrativos, a nível continental, para ajudar os governos africanos a obterem testes de diagnóstico e equipamento médico junto de fornecedores certificados no mercado mundial. A Janngo, uma start-up estabelecida na Côte d’Ivoire, concebeu e criou o portal Web. Além disso, várias start-ups e empreendedores desenvolveram novas soluções a preços acessíveis para reduzir o peso da pandemia nos frágeis sistemas de saúde do continente. Os exemplos vão da Solar Wash, um dispensador de água sem contacto e a energia solar, no Gana, a tecnologias mais avançadas, como a DiagnoseMe, uma aplicação móvel de diagnóstico à distância no Burkina Faso, ou ferramentas de rastreio da COVID-19 na Nigéria (Ochieng e Fokuo, 2020; Sadibe, 2020). No Senegal, o Instituto Pasteur, em Dakar, desenvolveu um protótipo de teste de diagnóstico da COVID-19, cujos resultados estão disponíveis em dez minutos.

No entanto, os efeitos negativos da pandemia da COVID-19 nas capacidades produtivas de África podem fazer-se sentir durante mais de uma década e inverter os progressos do continente na realização da Agenda 2063. As simulações realizadas por Djiofack, Dudu e Zeufack (2020) concluíram que a acumulação e a produtividade do capital em África podem manter-se abaixo das trajetórias anteriores à COVID-19, até 2030. As perturbações com maiores consequências nas economias nacionais podem ser a diminuição da produtividade, a redução da utilização de capital e o aumento dos custos do comércio internacional. Estas perturbações atrasarão a transformação produtiva de África e, consequentemente, a realização da Agenda 2063 (CUA/OCDE, 2019). Acresce que a pandemia pode representar o risco de prejudicar os recentes progressos de África no domínio da saúde e da educação, o que poderá comprometer a capacidade de melhorar o nível de vida das gerações atuais.

É provável que a pandemia de COVID-19 acelere algumas das tendências atuais do comércio mundial. A digitalização e a cooperação regional e continental são, por conseguinte, condições sine qua non para a transformação das economias africanas.

  • A COVID-19 poderá intensificar a reorganização em curso das cadeias de fornecimento internacionais. Desde 2010, as empresas internacionais têm vindo a utilizar gradualmente mais insumos locais e regionais nos seus produtos (Miroudot e Nordström, 2019; Baldwin e Tomiura, 2020; OCDE, 2020b). A crescente necessidade de cadeias de fornecimento mais resilientes no período após a COVID-19, associada ao imperativo de reduzir a pegada de carbono da produção, ampliará esta transformação (CNUCED, 2020b). Tal poderá conduzir a uma “regionalização” das cadeias de valor mundiais complexas e perturbar os fluxos mundiais de IDE.

  • A incerteza pode conduzir a maiores custos do comércio internacional. O volume do comércio mundial de mercadorias tem diminuído de forma constante desde a crise financeira mundial de 2008-09 (OMC, 2020). A OCDE estima que os custos do comércio internacional aumentem 6% a 9% em função dos meios de transporte no período após a COVID-19 (Benz, Gonzales e Mourougane, 2020). As restrições ao comércio podem aumentar ainda mais os custos do comércio mundial. No primeiro semestre de 2020, 89 países impuseram 154 medidas de controlo das exportações de material médico e 28 implementaram 40 medidas restritivas das exportações de produtos agrícolas e alimentares (Global Trade Alert, 2020).

  • A crise da COVID-19 poderá acelerar a automatização. Em apenas uma década, as instalações de robôs industriais em todo o mundo quase quadruplicaram, passando de 112 000 unidades em 2008 para 422 000 em 2018 (IFR, 2020). Esta procura de instalação de robôs deve-se, principalmente, à indústria automóvel (30%), seguida pelos setores eletrónico (25%), metalúrgico e de maquinaria (10%). A “servicificação” das indústrias transformadoras (ou seja, a importância crescente dos serviços no valor acrescentado produzido pelas indústrias transformadoras) e a preferência dos consumidores por processos de produção mais sustentáveis e com baixo nível de carbono podem levar as empresas a favorecer a produção local em detrimento da produção estrangeira. As maiores empresas europeias preveem a aquisição de um grande número de sistemas robóticos nos seus planos de investimento após a COVID-19 (Ahmed, 2020).

  • O aumento da automatização nos países avançados poderá ter repercussões nos mercados de trabalho africanos. De acordo com as nossas estimativas, baseadas no Banco Mundial (2020b), 14.1% dos fluxos de exportação de África para países da OCDE podem enfrentar o risco de substituição. O risco é ainda maior para o Norte de África (23% das exportações totais da região destinam-se aos países da OCDE). A título de comparação, estima-se este risco em 18.9% para os países em desenvolvimento da Ásia e em 19.0% para os países em desenvolvimento da ALC.

  • A implementação efetiva da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) pode reforçar as cadeias de valor regionais e aumentar a resiliência económica face a futuras crises. Antes da COVID-19, os mercados regionais africanos registavam um crescimento rápido, com o aumento da procura de produtos 1.5 vezes mais rápido do que a média mundial (CUA/OCDE, 2018).

A crise da COVID-19 criou um ambiente propício para que a digitalização acelerasse a transformação produtiva de África e tornasse o continente mais resiliente a futuras crises. A dinâmica de desenvolvimento rápido de África pode permitir às empresas locais avançar em termos tecnológicos, se os governos adaptarem suficientemente as suas estratégias de desenvolvimento às novas oportunidades. Ao longo da última década, os mercados regionais africanos de crescimento rápido permitiram que muitas empresas locais crescessem em termos de dimensão e produtividade. No entanto, as potencialidades da transformação digital continuam, em grande medida, por explorar em muitos países africanos. Embora a resposta mundial à COVID-19 se tenha baseado, largamente, nas tecnologias digitais, a persistência de fossos digitais limita a capacidade de África de enfrentar os choques provocados pela pandemia. Uma transformação digital ao nível do conjunto da economia – conforme definida na Caixa 1.1 – só pode ser alcançada se: i) as tecnologias digitais forem amplamente difundidas e ajudarem as empresas de outros setores económicos a tornarem-se mais produtivas, ii) a população beneficiar de melhores perspetivas de emprego, e iii) os governos melhorarem os serviços públicos de apoio.

O ano de 2007 foi crucial para a digitalização de África. A Safaricom lançou o M-PESA2, o primeiro serviço de pagamentos móveis em África. Aquando do seu lançamento, a principal inovação consistiu em disponibilizar serviços financeiros através dos telemóveis para colmatar a ausência de infraestruturas bancárias no Quénia (tais como as caixas automáticas, por ex.), dando assim resposta às necessidades financeiras não satisfeitas nas regiões com pouco acesso a bancos. Este modelo de negócios reduziu também significativamente os custos de transação.

Desde 2007, a revolução dos pagamentos móveis tem-se propagado rapidamente. Em 2018, África contava com mais de 300 milhões de contas de pagamentos móveis, o valor mais elevado do mundo. Atualmente, mais de 500 empresas oferecem inovações tecnológicas no domínio dos serviços financeiros (conhecidos por fintech), como os serviços de pagamentos móveis em África. Os países disponibilizam agora um grande número de produtos financeiros digitais (contas de depósito e de poupança, sistemas de pagamento, etc.), tendo surgido novos intervenientes importantes (Tabela 1.2). Em novembro de 2019, por exemplo, a Interswitch tornou-se a primeira start-up africana avaliada em mais de 1 000 milhões USD. Nesse ano, a Interswitch contava com mais de 1 000 trabalhadores e um volume de negócios anual estimado superior a 76 milhões USD. Em fevereiro de 2020, a start-up sul-africana JUMO angariou 55 milhões USD para estender as suas atividades ao Bangladesh, à Côte d’Ivoire, à Índia e à Nigéria (Kazeem, 2020). Joanesburgo e a Cidade do Cabo na África do Sul, Nairobi no Quénia e Lagos na Nigéria contam-se entre as 100 principais cidades do mundo no tocante a ecossistemas fintech (Findexable, 2019).

O desenvolvimento digital de África propaga-se rapidamente a outros setores. Africanos com espírito empreendedor e orientado para as tecnologias digitais estão atualmente a desenvolver soluções inovadoras para satisfazer a procura crescente na área da saúde, da educação e da agricultura, entre outras. Adaptam as tecnologias digitais às necessidades específicas de África, para implementar modelos de negócios de elevado crescimento. Por exemplo, a Kobo360, uma start-up da Nigéria fundada em 2017, está empenhada em revolucionar o setor dos transportes nacionais e da logística do país, bem como em conectar os agricultores nigerianos com compradores em todo o mundo. Em agosto de 2019, a empresa angariou 30 milhões USD (Bright, 2019a). Atualmente, várias outras start-ups utilizam a tecnologia para melhorar o transporte de mercadorias em África. Entre estas, conta-se a Lori Systems no Quénia, uma plataforma logística “tudo em um”, e a AgroCenta no Gana, que disponibiliza uma plataforma de gestão da cadeia de fornecimento que facilita o acesso dos pequenos agricultores aos grandes mercados e uma plataforma de inclusão financeira.

Os polos de inovação e as incubadoras também estão a prosperar. Em África, em 2019, estavam ativos 643 polos tecnológicos, face a 314 em 2016, e a apenas um pequeno número em 2010 (AfriLabs e Briter Bridges, 2019). Os quatro países africanos com o maior número de polos tecnológicos são a Nigéria (90 polos tecnológicos), seguida pela África do Sul (78), o Egito (56) e o Quénia (50). Em polos tecnológicos como a Yabacon Valley (Lagos), a diáspora desempenha um papel fundamental contribuindo com ideias, networking e capital de risco. O Anexo 1.A1 salienta os modelos de negócio e as políticas aplicadas com sucesso em cada um destes quatro parques tecnológicos africanos. Os capítulos regionais apresentam exemplos de outros países.

O setor das telecomunicações de África, essencial para a transformação digital, registou um crescimento robusto ao longo das duas últimas décadas. A introdução da concorrência nos serviços de telecomunicações móveis e outras reformas regulamentares importantes, na década de 2000, contribuíram para tornar este setor atrativo para novos operadores e melhoraram a qualidade da prestação dos serviços. Apesar da crise financeira mundial do final da década de 2000, os setores das telecomunicações registaram um forte crescimento em quase todos os países de África. O volume de negócios anual das empresas africanas de telecomunicações aumentou de forma constante, passando de 29 mil milhões USD, em 2007, para 55 mil milhões USD, em 2019 (Figura 1.3, Quadro A), tendo as despesas de investimento duplicado. Os principais indicadores de retorno do investimento são relativamente elevados no conjunto das cinco regiões africanas (Figura 1.3, Quadro B).

A principal vantagem de África em termos de digitalização reside no número crescente de jovens cada vez mais qualificados. O número de africanos com idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos que concluíram um nível de escolaridade correspondente ao segundo ciclo do secundário ou ao ensino superior já aumentou de 47 milhões, em 2010, para 77 milhões, em 2020 (Figura 1.4, Quadro A)3. Num cenário de manutenção das atuais tendências em matéria de educação, este número aumentará para 165 milhões até 2040. Em termos relativos, a percentagem de jovens africanos que concluiu o segundo ciclo do ensino secundário ou o ensino superior poderá atingir 34% em 2040 (aproximando-se assim da percentagem registada na Ásia), face aos atuais 23% (ver Figura 1.4, Quadro B). Este valor poderá mesmo chegar aos 73% (233 milhões) até 2040, caso os países africanos repliquem as políticas de ensino acelerado da Coreia, através de investimentos mais ambiciosos na educação e na saúde.

Os setores digitais criam poucos empregos diretos, em número insuficiente para satisfazer, por si só, as necessidades de emprego do continente. As Dinâmicas do desenvolvimento em África 2018 demonstraram que as economias africanas devem criar mais e melhores empregos para absorver os 29 milhões de jovens que atingirão a idade ativa, todos os anos, até 2030 (CUA/OCDE, 2018). A título de comparação, as empresas de telecomunicações empregam diretamente cerca de 270 000 pessoas. Os empregos associados a serviços de TIC, como a externalização de serviços informáticos, de processos empresariais ou de desenvolvimento de software, continuam a ser limitados e estão concentrados, sobretudo, em alguns países. As 20 start-ups de rápido crescimento indicadas na Tabela 1.2 empregam, no total, menos de 20 000 trabalhadores. Em termos mais gerais, o ecossistema digital não assegurará emprego suficiente a todos os jovens africanos num futuro próximo.

O potencial real de criação de emprego em grande escala reside na disseminação de inovações digitais por parte das empresas líderes ao resto da economia. Os canais de criação indireta de emprego incluem: i) as ligações insumos-produtos no ecossistema digital, ii) a dinâmica dos efeitos de repercussão, que depende do ritmo ao qual as economias locais aumentam a produtividade, e iii) os efeitos ao nível da sociedade no seu conjunto, que vão para além do PIB (ver Tabela 1.3). Por exemplo, a revolução dos pagamentos móveis na África Oriental conduziu a uma criação significativa de emprego através de diversos canais indiretos, tais como efeitos de repercussão para as famílias e as empresas, permitindo, em simultâneo, o surgimento de novos modelos de negócio (Caixa 1.2).

A Figura 1.5 apresenta os principais dados econométricos dos estudos realizados em África e em outras regiões em desenvolvimento. Um estudo pioneiro realizado por Hjort e Poulsen (2019) mostra que, no caso de 12 países africanos, a chegada da internet de alta velocidade a uma região – que constitui um indicador do grau de desenvolvimento digital – aumenta significativamente a taxa de emprego dos trabalhadores, quer sejam altamente qualificados ou pouco qualificados. Com base na abordagem destes autores, outros estudos demonstraram que a digitalização tem um impacto ainda maior no desempenho das empresas (produtividade, volume de negócios e novas perspetivas de exportação) e no seu acesso a financiamento de longo prazo. Por exemplo, dados sobre mais de 30 000 empresas de 38 países em desenvolvimento – incluindo 9 países africanos – demonstram que um aumento de 10% na utilização do e-mail pelas empresas, numa determinada área geográfica, aumenta o valor do seu volume de negócios anual total em 37-38%, o seu volume de negócios por trabalhador em 22-23% e o seu número de trabalhadores a tempo inteiro em 12-14% (Cariolle, Goff e Santoni, 2019).4

Ao longo da última década, a maioria dos países africanos desenvolveu ativamente as suas redes de infraestruturas de comunicação, com o apoio de investimentos consideráveis do setor privado. Em 2018, 45 dos 54 países africanos dispunham de uma estratégia ativa para o desenvolvimento da infraestrutura de comunicação de banda larga, face a apenas 16 países em 2011 (ver UIT, 2018). Em 2018, o financiamento de infraestruturas digitais ascendeu a 7 mil milhões USD, 80% do qual proveniente de investimentos do setor privado (ICA, 2018). Conforme indicado anteriormente na Figura 1.3, o retorno do investimento é sólido e similar aos níveis registados na Ásia. Os progressos nas infraestruturas de comunicação podem ser distribuídos por três segmentos principais, do primeiro quilómetro (first mile) até ao último quilómetro (last mile), passando pelo quilómetro intermédio (middle mile). O primeiro quilómetro refere-se aos pontos de acesso através dos quais a internet entra num país. O quilómetro intermédio diz respeito à rede de base nacional e aos elementos associados, tais como servidores, centros de dados e ponto de troca de tráfego. O último quilómetro refere-se às redes de acesso local que ligam os utilizadores finais.

Desde 2009, as empresas de telecomunicações e os intervenientes tecnológicos mundiais têm estado muito ativos no desenvolvimento de cabos submarinos – ou seja, infraestruturas de comunicação do primeiro quilómetro, que ligam os países africanos à internet mundial. Os investimentos em redes de cabos submarinos e estações de ligação terrestre permitiram ligar a maioria dos países africanos à internet mundial e aumentar a velocidade de ligação. A capacidade total de entrada da internet de banda larga do continente aumentou mais de 50 vezes em apenas 10 anos, alcançando 15.1 terabytes por segundo (Tbps) em dezembro de 2019, face a apenas 0.3 Tbps em 2009 (Hamilton Research, 2020). As perspetivas de novos projetos permanecem sólidas. Em maio de 2020, o Facebook e um grupo de empresas de telecomunicações – incluindo a China Mobile International, a MTN GlobalConnect, a Orange e a Vodafone – começaram a trabalhar em conjunto para instalar 37 000 quilómetros (km) de cabos submarinos até 2024, para ligar a rede de internet de banda larga de África à Europa e ao Médio Oriente. Esta nova rede de banda larga, denominada 2Africa, deverá proporcionar um acesso superior à capacidade combinada total dos 26 cabos submarinos que servem atualmente África (2AfricaCable, 2020).

África também mais do que triplicou as infraestruturas de internet intermédia, que asseguram as ligações intra e inter-países. Os inventários globais mostram que a rede de fibra ótica operacional de África passou de 278 056 quilómetros (km), em 2009, para 1.02 milhões de km, em junho de 2019 (Hamilton Research, 2019). Cerca de 58% da população africana vive atualmente numa área geográfica coberta por uma rede móvel de quarta geração (4G) (Figura 1.7). O Norte de África apresenta o valor mais elevado, com 85% da sua população coberta por uma rede 4G em 2020 (ver Capítulo 6), por comparação com 86.5% na América Latina e Caraíbas e 88% na Ásia em desenvolvimento, no mesmo ano.

Apesar destes progressos, o acesso às infraestruturas de banda larga continua a ser motivo de preocupação ao nível do último quilómetro (last mile). Atualmente, quase 300 milhões de africanos vivem a mais de 50 km de uma ligação de fibra ótica ou cabo de banda larga. As soluções complementares que permitem alargar e melhorar a rede de transmissão, como os pontos de troca de tráfego da internet (PTT), os servidores de dados e os sistemas de transmissão por satélite, continuam a não estar suficientemente desenvolvidas. Por exemplo, 42% dos países africanos ainda não possuem PTT e o seu tráfego nacional de internet tem de ser transportado pelo estrangeiro para chegar ao seu destino. A redução do fosso digital em África, até 2030, exigirá cerca de 100 mil milhões USD, ou 9 mil milhões USD por ano, o que inclui a instalação de, pelo menos, 250 000 quilómetros de fibra na região (UIT/UNESCO, 2019).

A utilização das infraestruturas de comunicação continua a ser extremamente desigual entre regiões, género, nível de escolaridade e estatuto profissional. Por exemplo, mais de 75% dos jovens africanos dispõe de um telemóvel5. No entanto, somente 22% dos jovens das zonas rurais utilizam regularmente a internet, por comparação com 53% das pessoas que vivem em zonas urbanas (Figura 1.8). Do mesmo modo, a percentagem de jovens que utiliza regularmente a internet varia em função do género (30% das mulheres e 44% dos homens), do nível de escolaridade (8% no caso de jovens com um nível inferior ao ensino primário, face a 77% de jovens com um nível de ensino secundário ou superior), bem como do estatuto profissional (16% dos trabalhadores por conta própria e 58% dos trabalhadores por conta de outrem).

Por último, a grande concentração da economia digital nas megacidades realça o problema das crescentes desigualdades espaciais associadas à digitalização. A maioria das plataformas digitais e das start-ups de África concentra-se nas grandes cidades. Por exemplo, cinco cidades acolhem 49% das start-ups africanas mais dinâmicas identificadas pela Crunchbase em 2019 (CUA/OCDE, 2019): Cidade do Cabo (12.5%), Lagos (10.3%), Joanesburgo (10.1%), Nairobi (8.8%) e Cairo (6.9%). Estas cinco cidades acolhem apenas 53 milhões de habitantes, menos de 4% da população africana total, e dispõem de redes digitais sólidas e de uma massa crítica de competências, de infraestruturas de apoio, de investidores e comunidades de empreendedores.

Colmatar estas disparidades espaciais é um passo crucial para evitar o aumento do fosso entre a distribuição espacial do emprego e a da população. Atualmente, a maioria da população africana vive fora das grandes cidades. Cerca de 70% dos jovens africanos vivem em zonas rurais. As populações rurais representam 1,4 mil milhões de pessoas e continuarão a crescer em termos absolutos, pelo menos, para além de 2050.

As abordagens baseadas nas políticas territoriais podem fazer a diferença, através da articulação de diferentes políticas setoriais para explorar o potencial subaproveitado em todas as regiões, aumentando assim a competitividade regional (BAfD/OCDE/PNUD, 2015; OCDE, 2016). Os canais através dos quais as inovações digitais se propagam na economia local dependem de vários fatores específicos de cada local. Nas regiões remotas, os fatores não digitais, como as fracas competências, infraestruturas básicas (por ex., elétricas) e acesso a financiamento podem impedir uma parte significativa da população de beneficiar das tecnologias digitais. O Capítulo 2 analisará mais pormenorizadamente os meios através dos quais as políticas podem adaptar-se a estas limitações territoriais específicas.

É provável que o trabalho por conta própria, frequente na economia informal, continue a constituir a forma de emprego prevalecente em África até 2040, incluindo nos dois cenários com as projeções mais otimistas. Os trabalhadores por conta própria e os trabalhadores familiares representam atualmente 68% de todos os trabalhadores em África, por comparação com 71% em 2000 (Figura 1.9, Quadro A). Se a tendência dos últimos 20 anos se confirmar, esta percentagem diminuirá para 65% (no cenário de manutenção da tendência atual). Em termos absolutos, isto significa que o número de trabalhadores por conta própria em África poderá aumentar 163%, passando para 529 milhões de pessoas, em 2040, face às estimativas de 325 milhões de pessoas, em 2020 (Figura 1.9, Quadro B). Mesmo que África pudesse replicar o êxito da China do ponto de vista da transformação estrutural da sua indústria transformadora ao longo do período 1990-2010 (cenário S2), a maioria (51%) dos trabalhadores continuaria a trabalhar em empresas familiares. Similarmente, se África pudesse reproduzir os progressos da Índia através da criação de um setor de TIC e de serviços às empresas mundialmente reconhecido (cenário S3), 55% do emprego em África continuaria a inserir-se na categoria dos trabalhadores por conta própria. A Caixa 1.3 explica a metodologia da análise espacial e das projeções do mercado de trabalho.

O setor informal continua a ser a principal porta de entrada no mercado de trabalho para a grande maioria da população africana em idade ativa, incluindo os jovens licenciados. Atualmente, apenas 20% da população africana em idade ativa dispõe de um emprego remunerado, por comparação com apenas 11% de mulheres (CUA/OCDE, 2018; OIT, 2020). Em África, cerca de 85.8% do emprego é informal, face a 25.1% na Europa e na Ásia Central (OIT, 2018). Os inquéritos relativos à transição da escola para o mercado de trabalho confirmam que mais de 75% dos jovens licenciados, entre os 15 e os 29 anos de idade, começam a trabalhar em atividades informais (OCDE, 2017b).

Atualmente, muitos trabalhadores informais não tiram partido dos benefícios da digitalização devido à sua utilização limitada da tecnologia digital. Apenas 16% dos trabalhadores por conta própria utilizam regularmente a internet, por comparação com 58% dos trabalhadores por conta de outrem (Figura 1.8). O reduzido recurso a ferramentas digitais representa uma oportunidade perdida para os trabalhadores informais. Os capítulos regionais do presente relatório apresentam vários exemplos de casos em que as ferramentas digitais e os modelos de negócios baseados em tecnologias digitais permitem aos trabalhadores informais aumentar a sua produtividade, melhorar a sua produção e formalizar as suas atividades. Em especial, as fintech apresentaram resultados notáveis no alargamento dos serviços financeiros a populações com acesso limitado a serviços bancários, na África Oriental (ver Caixa 1.2).

Os governos terão de preparar os jovens africanos para os futuros desafios associados à digitalização, dando simultaneamente resposta às deficiências conhecidas do mercado de trabalho. Em especial, os jovens africanos deverão adquirir as competências essenciais para prosperar na era digital. Os decisores políticos podem desempenhar um papel fundamental na promoção de uma maior utilização da tecnologia financeira, evitando que os trabalhadores das plataformas digitais estejam sujeitos a condições de trabalho precárias. Simultaneamente, os programas de transição da escola para o mercado de trabalho devem ser reformulados, tanto em termos das suas prioridades como da sua implementação, a fim de assegurar uma melhor adequação entre a formação dos jovens e as oportunidades profissionais.

Para além da acessibilidade, outros fatores (como as competências, os preços acessíveis dos serviços e a disponibilidade de conteúdos adequados) também influenciam a utilização da internet. A utilização regular de serviços de internet continua a ser baixa entre os trabalhadores por conta própria, mesmo quando vivem numa zona geográfica ligada. Apenas 16% destes trabalhadores utiliza regularmente a internet, embora 80% disponha de um telemóvel (Figura 1.10, Quadros A e B). Do mesmo modo, a taxa de utilização regular da internet é de 10% entre as pessoas com um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário, ao passo que 60% delas dispõem de um telemóvel (Figura 1.10, Quadros C e D). A taxa de utilização da internet é ainda inferior a 10% entre os agricultores (Figura 1.10, Quadros E e F). O Capítulo 2 abordará mais pormenorizadamente as áreas prioritárias para as ações em termos de políticas.

O forte espírito empreendedor de África é um ativo para a criação de emprego. Os dados obtidos dos inquéritos realizados entre 2013 e 2019 pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2020) mostram que África apresenta melhores resultados do que os países da Ásia ou da ALC, tanto em termos de intenção empreendedora, como de atividade empreendedora total em fase inicial.

As empresas africanas têm dificuldade em se modernizar e inovar na era digital. Em África, apenas 17% dos empreendedores em fase inicial esperam criar, pelo menos, seis postos de trabalho, o que constitui a percentagem mais baixa do mundo; na Ásia, este valor é de 21%. Cerca de 19% dos empreendedores africanos em fase inicial afirmam estar a liderar uma empresa inovadora ou ter fortes perspetivas de criação de emprego, face a cerca de 27% na Ásia. As medidas de confinamento e o risco de um colapso económico duradouro devido à pandemia da COVID-19 constituem um novo obstáculo ao crescimento destas empresas.

Para reforçar o seu crescimento e resiliência, estas empresas deverão utilizar mais as tecnologias digitais, em especial no caso das MPME. Entre as empresas abrangidas pelos inquéritos às empresas realizados pelo Banco Mundial, apenas 59% do total das empresas africanas utilizam a internet para comunicar com os seus clientes e fornecedores, e apenas 50% no caso das pequenas empresas (Figura 1.11, Quadro A). A percentagem de empresas que dispõem dos seus próprios sítios Web é ainda mais baixa, ascendendo a apenas 31% de todas as empresas africanas e 23% das pequenas empresas do continente (Figura 1.11, Quadro B). Estimado em 5.7 mil milhões USD em 2017, o mercado continental de comércio eletrónico representa menos de 0.5% do PIB combinado, comparativamente à média mundial de 4%. Os obstáculos à adoção digital enfrentados pelas MPME vão desde fatores estruturais, como problemas de infraestruturas, a fatores específicos de cada empresa, como a capacidade financeira e organizacional.

Regulamentações públicas, financiamento e serviços às empresas podem ajudar as start-ups e as PME dinâmicas a desenvolver-se e a competir na era digital. Em especial, o relatório da CUA/OCDE (2019) identificou duas categorias de empresas promissoras que poderiam tirar o máximo partido da digitalização para se desenvolverem e criarem novos empregos:

  • As start-ups de elevado crescimento são pequenas empresas com um grande potencial de crescimento baseado na utilização de tecnologias inovadoras. Embora estas start-ups representem, em geral, menos de 10% das pequenas empresas nos países em desenvolvimento, podem dar um contributo significativo para a economia através do seu crescimento forte e das suas inovações (CFF, 2018). No caso de África, este primeiro grupo é dominado principalmente por jovens start-ups. A Tabela 1.4 apresenta cinco exemplos de modelos de negócio de start-ups promissoras que abordam obstáculos tradicionais ao desenvolvimento em África. Com o apoio apropriado em termos de políticas, estes tipos de modelos de negócio inovadores podem propagar-se rapidamente a todo o continente.

  • As PME dinâmicas utilizam produtos existentes ou modelos de negócio comprovados para assegurar o seu crescimento através da especialização em mercados de nicho, do alargamento do seu mercado ou de inovações graduais. O seu potencial de crescimento e de escala é moderado e depende do seu acesso aos mercados regionais e mundiais. Os decisores políticos podem ajudar ao desenvolvimento destas empresas aproveitando as oportunidades comerciais disponibilizadas pelo digital, que continuam a ser embrionárias em África. Estimado em 5.7 mil milhões USD em 2017, o mercado continental de comércio eletrónico de consumo representa menos de 0.5% do PIB combinado, comparativamente à média mundial de 4%.

A digitalização constitui uma prioridade para a agenda de integração continental de África. Através dos programas da Agenda 2063, a União Africana está a liderar mais de 15 iniciativas para tirar partido das tecnologias e inovações digitais em benefício da indústria, do comércio, dos serviços financeiros e de pagamentos, da educação, da agricultura, da saúde e de outros setores. Em consonância com as aspirações da Agenda 2063, o objetivo é também reforçar a posição de África enquanto produtor digital no ecossistema mundial. O Anexo 1.A2 descreve algumas destas iniciativas continentais pioneiras, os seus principais objetivos e resultados no plano digital.

A União Africana estabeleceu como objetivo a criação de um mercado único digital até 2030 (CUA, 2020a). Para o efeito, a Comissão da União Africana (CUA) desenvolveu a Estratégia de Transformação Digital para África 2020-2030, aprovada pelo seu Conselho Executivo na sua trigésima sexta sessão ordinária, em fevereiro de 2020. Esta estratégia visa uma “sociedade e economia digitais integradas e inclusivas em África que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos africanos, reforcem o setor económico atual, permitam a diversificação e o desenvolvimento e garantam que África determine o seu destino, assumindo o papel de produtor e não apenas de consumidor na economia mundial”. A estratégia baseia-se nas iniciativas e quadros existentes, como a Iniciativa Política e Regulamentar para a África Digital (PRIDA), o Programa de Desenvolvimento de Infraestruturas em África (PIDA) e a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA). A CUA está atualmente a mobilizar parceiros internacionais de desenvolvimento para realizar esta agenda de transformação digital:

  • Desde abril de 2020, a PRIDA, lançada em colaboração com a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a União Europeia, criou dois grupos de trabalho – o primeiro sobre “os regimes de autorização e atribuição de licenças” e o segundo sobre “proteção e localização de dados” – para avaliar a regulamentação, identificar as melhores práticas e proceder à sua harmonização em todo o continente.

  • A iniciativa Economia Digital para África (DE4A) 2020-2030, implementada com o Grupo do Banco Mundial, ajuda os governos a realizar investimentos estratégicos no desenvolvimento das infraestruturas digitais, serviços a preços acessíveis, competências e empreendedorismo. Atualmente, estão em curso 15 operações de investimento no continente e outras 29 estão em fase de preparação.

  • A CUA está também a implementar um programa destinado a garantir o acesso de África às tecnologias de satélite e aos serviços de dados conexos. A Política e Estratégia Espacial de África, iniciadas em 2016 pela União Africana, visam reforçar a utilização de África do espaço exterior em setores essenciais como a agricultura, a gestão de catástrofes, a previsão climática, a defesa e a segurança. As redes móveis por satélite são uma forma economicamente eficaz para desenvolver ou melhorar as redes de telecomunicações em áreas onde a densidade de utilizadores é inferior a 200 subscritores por quilómetro quadrado (CUA, 2019). Estas redes móveis podem ser instaladas cinco a dez vezes mais rapidamente e com um custo 50% inferior ao das redes terrestres. A economia espacial está em expansão e está cada vez mais globalizada (OCDE, 2019b). Outras tecnologias emergentes têm potencial para fazer face aos desafios da distância em zonas rurais remotas de forma rentável (ver Capítulo 2).

Confirmando as orientações dos projetos de referência da CUA, o inquérito de peritos realizado pela CUA e a OCDE em 2020 destaca várias áreas onde seria possível criar mais emprego de qualidade. A Figura 1.12 resume estas áreas prioritárias por ordem decrescente. A título de exemplo, a coordenação regional e continental dos serviços de telecomunicações em roaming, da regulamentação em matéria de dados e da cibersegurança é fundamental para a criação de emprego. Em conjunto, estas áreas prioritárias podem, igualmente, criar um ambiente favorável à criação de valor graças aos dados e ao desenvolvimento de conteúdos locais em África. As subsecções seguintes destacam as áreas que requerem uma ação imediata.

A coordenação continental é necessária para solucionar os estrangulamentos no acesso à banda larga internacional e garantir custos de acesso mais acessíveis. A criação de pontos de troca de tráfego da internet – interligando as infraestruturas de fibra ótica terrestre – é essencial para garantir que África pode aceder aos serviços digitais internacionais a preços mais baixos. Para o efeito, o PIDA proporciona um quadro político e uma ferramenta de acompanhamento importantes. Dos 114 projetos de infraestruturas TIC previstos pelo PIDA, 42 visam melhorar os principais pontos de troca de tráfego da internet, 37 são dedicados à construção de novas infraestruturas de fibra ótica de banda larga em todo o continente e 34 visam modernizar a rede ótica de cabos terrestres existente (AUDA-NEPAD, 2020). Em junho de 2020, 14 dos projetos de TIC do PIDA estavam concluídos e operacionais e 47 estavam em fase de construção ou pré-conclusão (Figura 1.13).

Na próxima fase do Plano de Ação Prioritário 2021-2030 do PIDA, o objetivo é selecionar um número mais restrito de projetos com maior viabilidade. As dificuldades associadas à preparação dos projetos podem comprometer a realização de infraestruturas de qualidade (OCDE/ACET, 2020). As questões seguintes são particularmente importantes:

  • Os projetos que servem o maior número possível de cidades intermédias não ligadas devem estar entre as principais prioridades. As cidades intermédias de África têm grande potencial para abrir novas oportunidades de transformação produtiva, de ligação entre zonas rurais e urbanas e de criação de emprego (ver OCDE/ACET, 2020).

  • Reforço dos programas de criação de pontos de troca de tráfego de internet. O volume de tráfego intrarregional transportado para pontos terminais de cabos submarinos aumentou 37% em 2018, alcançando 479 gigabytes por segundo (Gbps) graças à conclusão de novas ligações transfronteiras e ao aumento da capacidade das outras ligações. Este valor foi de 350 Gbps em 2017 e de apenas 103 Gbps em 2014 (Hamilton Research, 2020).

A criação de um mercado único pan-africano de bens e serviços, conforme previsto pela ZCLCA, é promissora em termos de crescimento e de criação de emprego. De acordo com a CEA (2018), a eliminação dos direitos aduaneiros sobre as mercadorias permitiria, por si só, aumentar o comércio intra-africano em quase 40-50%, entre 2020 e 2040. De acordo com a CNUCED (2018), a implementação plena da ZCLCA conduziria a um aumento do emprego de 1.17%.

Para avançar com a implementação da ZCLCA, os Estados-Membros da União Africana (UA) começaram a negociar protocolos sobre investimento, direitos de propriedade intelectual e política da concorrência. Antes da pandemia de COVID-19, a previsão era de que as negociações da segunda fase estivessem concluídas em dezembro de 2020. As negociações com vista à assinatura de um protocolo continental sobre comércio eletrónico e trocas digitais terão início pouco depois do final da segunda fase das negociações (Muchanga, 2020). A criação de um sistema pan-africano de pagamentos e liquidação (PAPSS) representa um dos principais resultados no plano digital. O PAPSS visa permitir uma liquidação rápida das transações transfronteiras através do sistema digital. A garantia de pagamentos e liquidações mais rápidos aumentará a liquidez dos mercados e reforçará os mercados de capitais e financeiros nacionais, regionais e continentais.

A CUA prevê igualmente lançar uma plataforma digital para ajudar as PME africanas a desenvolverem as suas atividades. A CUA e o eTrade Group estão a trabalhar em conjunto para criar uma plataforma de comércio eletrónico ao nível continental para as PME. Esta plataforma proporcionará às PME um local de comércio online e um meio de liquidação dos pagamentos de modo a facilitar o comércio e a entrega transfronteiras de produtos em todo o continente, reduzindo assim os custos de transação (CUA/A e-Trade Group, 2018).

África pode aprender com a experiência de outras regiões em matéria de custos de roaming (Bourassa et al., 2016). Custos elevados de roaming e os correspondentes obstáculos à utilização de dados podem reduzir significativamente os benefícios da economia digital e atrasar a implementação de um mercado único digital a nível regional (Cullen International, 2016 e 2019). Por outro lado, os esforços para criar um mercado único digital na União Europeia (UE) trouxeram benefícios imediatos aos consumidores, às empresas e ao comércio online (ver Caixa 1.4). O comércio eletrónico transfronteiras na UE aumentou mais de 4% e o volume do comércio online aumentou 5% (Comissão Europeia, 2019b). Por conseguinte, os países africanos devem também abordar rapidamente a questão dos custos do roaming intra-africano.

Até à data, os progressos no sentido de serviços de roaming intra-africanos a preços acessíveis ou gratuitos continuam a ser limitados. Somente três das Comunidades Económicas Regionais de África – a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a CAO e a SADC – estão a avançar no sentido de uma redução dos custos de roaming. Em 2017, os Estados-Membros da CEDEAO aprovaram uma regulamentação que permite aos cidadãos em viagem na região não pagar quaisquer sobretaxas de roaming e beneficiar das tarifas locais quando viajam para outro Estado-Membro. Esta iniciativa está atualmente em fase de implementação e deverá envolver benefícios consideráveis em termos de bem-estar dos cidadãos e de integração regional (Banco Mundial, 2018). A CAO decidiu igualmente estabelecer uma regra de roaming no âmbito de uma “área de rede única” (One Network Area) em 2014 (UIT, 2016). Na SADC, as tarifas de roaming deveriam estar agora fixadas, desde 2020, “ao preço corrente + 5%” no âmbito de um projeto adotado em 2014 (UIT, 2017, pp. 25-32). Este projeto foi aprovado pela Associação das Entidades Reguladoras das Telecomunicações da África Austral, na sequência do relatório de 2014 relativo ao roaming na SADC.

Dada a dimensão internacional das cadeias de valor dos dados digitais, os países africanos não se devem limitar a quadros regulamentares nacionais em matéria de dados. Em primeiro lugar, é necessária uma maior coerência entre as regulamentações dos diferentes países para navegar nos dados digitais mundiais. Não obstante alguns esforços regionais e continentais, o quadro regulamentar nacional em matéria de dados da maioria dos países africanos continua a ser bastante mais deficiente do que seria necessário na era digital. Em segundo lugar, os dados disponíveis de 64 países, entre 2006 e 2016, mostram que as tentativas isoladas de restringir o fluxo transfronteiras de dados ou de exigir um armazenamento local de dados dificultam o comércio de serviços e reduzem a produtividade das empresas locais (Ferracane e Marel, 2018). Em terceiro lugar, um quadro continental único seria mais eficaz e de compreensão mais simples. Na Europa, por ex., desde que o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da UE entrou em vigor, em maio de 2018, qualquer empresa que pretenda realizar negócios na UE tem de respeitar uma série de princípios e orientações similares para garantir a privacidade e a proteção dos dados pessoais. Até à data, apenas 28 países africanos dispõem de legislação abrangente em matéria de proteção de dados pessoais (CNUCED, 2020c). Os peritos já consideram esta debilidade como um grande risco para o desenvolvimento digital de África (Figura 1.14).

Só um em cada cinco países africanos dispõe de um quadro jurídico em matéria de cibersegurança (segurança digital) e apenas 11 adotaram legislação substantiva em matéria de cibercriminalidade (incidentes de segurança digital) (Farrah, 2018; OCDE, 20156). Em 2014, a 23.ª Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da UA adotou uma Convenção sobre a Cibersegurança e a Proteção dos Dados Pessoais como um primeiro passo para a cooperação continental. No entanto, em junho de 2020, só tinha sido assinada por 14 Estados Membros da UA e ratificada por 5 (Gana, Guiné, Maurícias, Namíbia e Senegal), o que está ainda longe das 15 ratificações necessárias para a entrada em vigor da Convenção (CUA, 2020b).

Por que motivo é urgente a cooperação em matéria de segurança digital? O custo da cibercriminalidade em África está a aumentar e poderá refrear a revolução digital africana (Farrah, 2018). Várias avaliações mostram que o ecossistema online de África é um dos mais vulneráveis do mundo (Serianu, 2017; KnowBe4, 2019). Serianu (2017) estima que o custo da cibercriminalidade em África seja de cerca de 3.5 mil milhões USD em 2017, tendo somente a Nigéria e o Quénia registado perdas de 649 milhões USD e 210 milhões USD, respetivamente. Além disso, o aumento das tecnologias digitais dá origem a uma série de desafios novos e mais complexos para as entidades reguladoras nacionais, em áreas como tributação na era digital, segurança digital, privacidade, proteção dos dados pessoais e fluxos transfronteiras de dados. A intensidade destes desafios decorre da combinação de uma tecnologia cuja natureza é de rápida evolução, da necessidade de os governos lhes darem resposta com quadros regulamentares e mecanismos de execução que sejam adaptados aos objetivos visados, bem como do seu alcance mundial e natureza transfronteiriça (OCDE, 2019c). Por conseguinte, os juristas e peritos das entidades públicas de regulamentação não podem tratar separadamente estas questões.

Há muito que o governo egípcio apoia as start-ups locais através de iniciativas de financiamento específicas. Em 2010, as autoridades públicas inauguraram o Centro de Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (TIEC) com o objetivo de promover o empreendedorismo e a inovação no setor local das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Este centro coloca à disposição equipamentos e um financiamento às start-ups em fase inicial. Disponibiliza também um quadro em matéria de propriedade intelectual, com vista a promover a inovação no domínio das TIC e o crescimento da economia local. Em 2017, o TIEC lançou a iniciativa Fekratek Sherkatek (A Sua Ideia, O Seu Projeto), que permitiu a criação de 42 start-ups locais, cada uma com uma dotação entre 100 000 e 500 000 EGP (5 620 a 28 100 USD). Em 2018, o Centro criou o Falak Startups Accelerator, um programa de aceleração de quatro meses destinado a start-ups em fase inicial, com um financiamento até 1 milhão EGP (cerca de 63 000 USD), disponibilização de espaço de trabalho e mentoria.

O Egito é também dos primeiros países de África a dispor de parques tecnológicos. Em 2001, o governo iniciou o desenvolvimento do projeto Smart Village no Cairo, um parque tecnológico em que os setores público e privado são parceiros e que acolhe empresas informáticas multinacionais (como a IBM, a CISCO e a Microsoft), fornecedores de externalização de processos para empresas (por ex., a Raya), gabinetes da administração central, centros de investigação e muitas outras empresas tecnológicas locais. O parque cobre uma área com mais de 3 milhões de metros quadrados. Desde 2017, o governo tem investido no novo parque tecnológico de Maadi, que pretende vir a tornar-se um parque tecnológico e um parque empresarial.

Os investidores locais desempenharam um papel importante no apoio às start-ups. Os investidores providenciais e os aceleradores (por ex., Algebra Ventures, Cairo Angels, Ebni, EdVentures, Flat6Labs) asseguram apoio sob a forma de mentoria, de redes e de financiamentos entre 50 000 EGP (aproximadamente 2 800 USD) e 150 000 EGP (cerca de 8 000 USD).

  • Desde a sua criação em 2016, a Algebra Ventures, localizada no Cairo, concedeu financiamentos de série A e série B a 15 start-ups no domínio da tecnologia. Esta empresa junta-se a uma lista de investidores internacionais, sobretudo do Médio Oriente (como a DiGAME, a BECO Capital e a Silicon Badia), que financiam e orientam as start-ups para que se desenvolvam no Egito e no estrangeiro.

  • A Flat6Labs é uma jovem empresa que disponibiliza capital de constituição e espaço nas suas instalações, acompanhando os empreendedores ao longo das primeiras fases cruciais de desenvolvimento. Criada em 2011, a Flat6Labs foi o primeiro membro africano a aderir à Global Accelerator Network (GAN) em maio de 2012.

Graças a estas iniciativas, o ecossistema cresceu rapidamente nos últimos anos e atraiu investimentos em capitais próprios no valor de 59 milhões USD, em 2018, face a apenas 9 milhões USD, em 2017. O Cairo é o maior ecossistema de start-ups do Norte de África. A cidade contava com mais de 400 start-ups dinâmicas em 2019, orientadas, na sua maioria, para os consumidores nacionais, como a Swvl (transporte de autocarros), a Yaoota (comparador de preços online), a Vezeeta (marcação de consultas médicas) e a Wuzzuf (plataforma de recrutamento). Várias start-ups, como a Iqraaly, a Bey2ollak e a Eventtus, desenvolveram-se no Médio Oriente e no Norte de África, em especial na Jordânia, Líbano, Marrocos e Emirados Árabes Unidos. Em 2019, a Swvl expandiu-se para o Quénia e a Nigéria, o que sugere uma mudança estratégica das start-ups egípcias para o mercado da África Subsariana (Digest Africa, 2019).

Em 2007, a Safaricom lançou uma das primeiras plataformas de pagamentos móveis. Esta revolução de dinheiro móvel criou os fundamentos tecnológicos e a base de utilizadores necessários para o surgimento de outras inovações e start-ups em setores como a tecnologia financeira (por ex., a Cellulant, CarePay e AZA Group [antiga BitPesa]), as energias renováveis (por ex., M-KOPA e Powerhive) e o comércio online (Twiga Foods e Copia Global). Atualmente, o Quénia representa um dos quatro maiores e mais dinâmicos ecossistemas tecnológicos em África. Em 2018, o setor contribuiu com mais de 1 000 milhões USD para a economia queniana (KNBS, 2018).

Para além destes resultados impressionantes, o ecossistema de start-ups de Nairobi alcançou uma grande maturidade e profundidade. Reúne mais de 200 start-ups locais e empresas mundialmente reconhecidas, como a IBM, a Intel e a Microsoft. Desde 2010, a iHub disponibiliza um ambiente dinâmico, redes fiáveis e infraestruturas de alta qualidade às start-ups do Quénia. Em 2019, as start-ups iHub angariaram mais de 40 milhões USD de financiamento inicial e de crescimento e a carteira de empresas iHub ajudou a criar mais de 40 000 empregos na África Oriental. A CcHub da Nigéria adquiriu a iHub, realizando uma das transações mais importantes no setor tecnológico africano.

O sucesso dos setores tecnológicos atraiu investimentos das maiores empresas tecnológicas do mundo. Em 2019, a Microsoft lançou o seu Centro de Desenvolvimento para África, em Nairobi. A empresa planeia investir mais de 100 milhões USD em infraestruturas e no emprego de engenheiros locais qualificados nos primeiros cinco anos de funcionamento. No entanto, a ausência de mão-de-obra altamente qualificada constitui uma séria preocupação para as empresas tecnológicas do Quénia. As empresas locais são, cada vez mais, obrigadas a importar profissionais de outros países a custos elevados.

A Lei das Comunicações do Quénia, de 1998, estabeleceu o quadro para a liberalização e a regulamentação do mercado das telecomunicações e das TIC no Quénia. Em 2004, esta iniciativa resultou num regime de atribuição de licenças baseado no mercado, que pôs termo ao monopólio da Telkom Kenya. Em 2007, a Visão 2030 do governo considerou o setor das TIC como um pilar essencial do desenvolvimento e aprovou a criação da Cidade Tecnológica de Konza, como o projeto de referência do programa (KoTDA, 2019). Prevê-se que o projeto atraia 15.5 mil milhões USD em investimentos, permita a criação de 100 000 empregos e venha a gerar 1 000 milhões USD por ano, a partir do início de 2022 (Ventureburn, 2018).

Em 2009, o governo do Quénia realizou o investimento em quatro cabos de fibra ótica para melhorar a qualidade da internet de banda larga, reduzindo simultaneamente os seus custos. O setor das TIC do Quénia rege-se por uma política nacional implementada em 2019. No entanto, desde então, foram desenvolvidos outros documentos estratégicos fundamentais e vários atos legislativos.

A Nigéria tem o ambiente mais vibrante de África para as start-ups. O ecossistema de Lagos, também conhecido por Yabacon Valley, atingiu um capital com um valor estimado em 2 000 milhões USD em 2017, o maior de África (Startup Genome, 2019). Acolhe o primeiro unicórnio de África (Jumia) e outras start-ups dinâmicas de comércio eletrónico (Konga, Carmudi e Jovago), de logística (Kobo 360), da saúde (Lifebanks) e de plataformas de reservas (Hotels.ng), entre outras. Além disso, o ambiente tecnológico nigeriano vai para além de Lagos. Outras grandes cidades, como Ibadan e Abuja, têm comunidades de start-ups dinâmicas em determinados setores, como as tecnologias agrícolas, educação, energia e saúde.

Este crescimento rápido do ecossistema tecnológico da Nigéria deve-se, sobretudo, a dois fatores que se reforçam mutuamente: o elevado grau de atratividade do mercado interno da Nigéria para os gigantes tecnológicos mundiais e um conjunto crescente de talentos competentes e com espírito empreendedor.

  • Em primeiro lugar, tendo em conta as previsões demográficas de duplicação da população de 206 milhões, em 2020, para 401 milhões, em 2050, as perspetivas do mercado de TIC na Nigéria são muito atrativas para as empresas tecnológicas mundiais. Em 2009, a IBM abriu o seu primeiro polo na África Ocidental em Lagos e já investiu mais de 50 milhões USD em start-ups locais sob a forma de subsídios concedidos através de convites à apresentação de projetos. Em 2017, a Google abriu o primeiro Launchpad Space em Lagos no âmbito do seu programa mundial orientado para start-ups fora dos Estados Unidos. Em 2018, o Facebook lançou a sua primeira plataforma africana em Lagos. Outras empresas líderes, como a MTN Nigéria, a Nokia e a MainOne, estão agora a patrocinar a incubação de start-ups. Em 2019, mais de 147 start-ups nigerianas beneficiaram de 377 milhões USD de financiamento de 100 investidores de capital de risco, de programas de aceleração e de outros tipos de investidores. Quase 90% deste capital proveio de investidores internacionais (Techpoint, 2019).

  • Em segundo lugar, as inovações tecnológicas da Nigéria beneficiam de uma reserva importante de jovens talentos. Muitos apresentam já um espírito empreendedor e estão prontos para acolher as tecnologias mais recentes. O número de jovens com estudos superiores deverá quadruplicar, passando de 7 milhões para 28 milhões, até 2040. A comunidade nigeriana da diáspora representa também uma rede importante e com experiência a nível internacional, dispondo igualmente de competências especializadas. Em 2010, a primeira incubadora local da Nigéria, a Co-Creation Hub (CcHub), foi criada em Yaba, Lagos. Em 2015, a CcHub lançou um fundo de inovação de 5 milhões USD que tinha ajudado mais de 50 start-ups tecnológicas até ao final de 2018. Em 2019, a CcHub adquiriu a iHub do Quénia, concretizando a união entre duas das maiores incubadoras de África.

Inicialmente, o setor público desempenhou um papel limitado no relativo sucesso do setor tecnológico da Nigéria. Em 2007, a Information Technology Development Act da Nigéria criou um organismo especializado – a National Information Technology Development Agency – responsável pelo desenvolvimento e regulamentação do setor, o que abriu caminho a várias outras estratégias e planos. Os Estados de Edo e de Kaduna também implementaram as suas próprias estratégias e iniciativas locais (Banco Mundial, 2019). No entanto, os progressos na implementação foram limitados, como demonstra, por exemplo, a lentidão no lançamento de zonas de acesso Wi-Fi gratuito em algumas escolas (Gillwald, Odufuwa e Mothobi, 2018). O último roteiro nacional para as TIC 2017-20 é mais ambicioso. Estabeleceu um quadro integrado e orientações estratégicas para o setor das TIC na Nigéria: i) governação, ii) quadros políticos, jurídicos e regulamentares, iii) indústria e infraestruturas, e iv) fortalecimento das capacidades.

A promessa de uma indústria nigeriana de TIC competitiva a nível mundial é particularmente importante e central para os planos de diversificação económica do país, com vista a torna-lo menos dependente do petróleo. Com a adoção de políticas adequadas, tal poderá também resolver o problema da fuga de talentos e apoiar o crescimento do PIB no longo prazo.

A África do Sul acolhe 78 polos tecnológicos, o segundo maior número do continente, e quase 60% destes polos estão sediados na Cidade do Cabo. Embora Joanesburgo seja a capital financeira e económica do país com inúmeras empresas estabelecidas, a Cidade do Cabo acolhe mais de 800 start-ups tecnológicas. Concentram as suas atividades em vários setores, tais como fintech (Jumo, MFS Africa, Lulalend, Yoco), a troca de criptomoedas (Luno e Ovex), a educação (African Leadership Academy), os serviços aos consumidores (Travelstart, SweepSouth), a agricultura de precisão (Aerobotics) e o equipamento de TIC (Stalcor, Sensor Networks, Nervedata, Cape). A região oeste da Cidade do Cabo também acolhe empresas de deslocalização que criaram mais de 12 000 empregos, em 2018 e 2019 (BPESA, 2019).

A Cape Innovation and Technology Initiative (CiTi) é a mais antiga incubadora do setor tecnológico de África, fundada em 1998 por intervenientes do setor e cidadãos inspirados. A Cidade do Cabo dispõe de inúmeros talentos competentes de instituições académicas próximas, de uma forte infraestrutura de TIC e de ligações profissionais ao resto do mundo. A cidade oferece também um ambiente de financiamento consolidado, com investidores de capital de risco, como a Naspers, um dos maiores investidores do setor tecnológico do mundo, e aceleradores e polos de incubação bem estabelecidos. Por exemplo, de acordo com o balanço da empresa, publicado em março de 2020, a Naspers investiu, no período entre março de 2019 e março de 2020, 1.3 mil milhões USD em empresas existentes e novas e gerou 2.9 mil milhões USD em ganhos nominais.

Outro bom exemplo é a Silicon Cape Initiative, uma comunidade de membros fundada em 2009 com o objetivo de estabelecer a ligação entre empreendedores, investidores de capital de risco, engenheiros e outros parceiros intervenientes no ecossistema. A base de membros aumentou para mais de 350 000, em 2018. A Silicon Cape assinou um acordo de cooperação com o polo digital Hamburg@Work de Hamburgo, Alemanha, para assegurar aos seus membros o acesso a redes de apoio, cadeias de fornecimento e mercados europeus, bem como a outras oportunidades de aprendizagem.

O governo da África do Sul tem incentivado ativamente o desenvolvimento do ecossistema digital desde o início da década de 2010. A cronologia destaca quatro documentos de estratégia digital desde 2010. Contudo, a implementação tem sido fraca, nomeadamente devido a várias alterações e irregularidades na formulação das políticas entre 2009 e 2014 (Gillwald, Mothobi e Rademan, 2018). O fosso digital requer ações de política mais robustas. Por exemplo, 61% dos habitantes em zonas rurais não utilizam a internet, por comparação com 39% nas zonas urbanas. O Plano Nacional de Desenvolvimento da África do Sul 2030, elaborado em 2015, salienta a importância da banda larga a preços acessíveis e de um ambiente de TIC mais bem estruturado. Tal poderá impulsionar a transformação digital da África do Sul.

Bibliografia

2AfricaCable (2020), «2Africa: a transformative subsea cable for future internet connectivity in Africa announced by global and African partners», Comunicado de Imprensa, 14 de maio de 2020, www.2africacable.com/ (último acesso em 20 de julho de 2020).

AfriLabs e Briter Bridges (2019), «Building a conductive setting for innovators to thrive: A qualitative and quantitative study of a hundred hubs across Africa», https://briterbridges.com/briterafrilabs2019 (último acesso em 27 de julho de 2020).

Afrobarómetro (2019), Afrobarómetro (base de dados), https://afrobarometer.org/fr (último acesso em 21 de julho de 2020).

Ahmed, T. (2020), «Covid-19 expected to accelerate automation uptake», fDi Intelligence, www.fdiintelligence.com/article/77816 (último acesso em 23 de julho de 2020).

BAfD/OCDE/PNUD (2017), Perspetivas Económicas em África 2017: Empreendedorismo e Industrialização, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/aeo-2017-fr.

BAfD/OCDE/PNUD (2015), Perspetivas Económicas em África 2015: Desenvolvimento Territorial e Inclusão Espacial, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/aeo-2015-fr.

Baldwin, R. e E. Tomiura (2020), «Thinking ahead about the trade impact of COVID-19», in Economics in the Time of COVID-19, VoxEU, CEPR Press, Londres, pp. 59-71, https://voxeu.org/content/economics-time-covid-19 (último acesso em 23 de julho de 2020).

Banco Central do Quénia (2020), Mobile Payments (base de dados), www.centralbank.go.ke/national-payments-system/mobile-payments/ (último acesso em 20 de julho de 2020).

Banco Central do Quénia (2016), «Bank supervision annual report 2016», https://www.centralbank.go.ke/uploads/banking_sector_annual_reports/323855712_2016%20BSD%20ANNUAL%20REPORT%20V5.pdf (último acesso em 20 de julho de 2020).

Banco Mundial (2020a), Inquéritos do Banco Mundial relativos a Empresas (base de dados), www.enterprisesurveys.org/en/data (último acesso em 28 de junho de 2020).

Banco Mundial (2020b), World Development Report 2020: Trading for Development in the Age of Global Value Chains, Banco Mundial, Washington, DC, www.worldbank.org/en/publication/wdr2020 (último acesso em 23 de julho de 2020).

Banco Mundial (2019), Nigeria Digital Economy Diagnostic Report, Banco Mundial, Washington, DC, http://documents1.worldbank.org/curated/en/387871574812599817/pdf/Nigeria-Digital-Economy-Diagnostic-Report.pdf.

Banco Mundial (2018), Western Africa ECOWAS Regional Communications: Toward Integration of Infrastructure and Services, Grupo do Banco Mundial, Washington, DC, https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/591631535536147484/western-africa-ecowas-regional-communications-toward-integration-of-infrastructure-and-services.

Bashir, S. (2018), «The journey to land digitization in Kenya», Transparency International-Quénia https://tikenya.org/the-journey-to-land-digitization-in-kenya/.

Benz, S., F. Gonzales e A. Mourougane (2020), «The Impact of COVID-19 international travel restrictions on services-trade costs», OECD Trade Policy Papers, No. 237, Publicações OCDE, Paris,https://doi.org/10.1787/e443fc6b-en.

Bourassa, F. et al. (2016), «Évolution de l’itinérance mobile internationale», OECD Digital Economy Papers, No. 249, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/5jm0lspqmxr6-fr.

BPESA (2019), GBS Sector Jobs Report, Quarto trimestre de 2019, Business Process Enabling South Africa, https://www.bpesa.org.za/invest-in-southafrica/useful-documents/useful-documents/gbs-sector-jobs-report-q4-2019.html (último acesso em 24 de julho de 2020).

Bright, J. (2019), «Nigerian logistics startup Kobo360 raises $30M backed by Goldman Sachs», Techcrunch, 14 de Agosto de 2019, https://techcrunch.com/2019/08/14/nigerian-logistics-startup-kobo360-raises-30m-backed-by-goldman-sachs/ (último acesso em 27 de julho de 2020).

Bruegel (2020), The fiscal response to the economic fallout from the coronavirus (base de dados) www.bruegel.org/publications/datasets/covid-national-dataset/ (último acesso em 15 de junho de 2020).

Bukht, R. e R. Heeks (2017), «Defining, conceptualising and measuring the digital economy», Development Informatics Working Paper Series, Paper No. 68, Universidade de Manchester, Reino Unido, https://diodeweb.files.wordpress.com/2017/08/diwkppr68-diode.pdf (último acesso em 27 de julho de 2020).

Cariolle, J., M. Le Goff e O. Santoni (2019), «Digital vulnerability and performance of firms in developing countries», Documento de Trabalho, n° 709, Banco de França, www.banque-france.fr/sites/default/files/medias/documents/wp_709.pdf (último acesso em 27 de julho de 2020).

CEA (2018), An Empirical Assessment of the African Continental Free Trade Area Modalities on Goods, Comissão Económica das Nações Unidas para África, https://archive.uneca.org/publications/empirical-assessment-african-continental-free-trade-area-modalities-goods.

CFF (2018), The Missing Middles: Segmenting Enterprises to Better Understand Their Financial Needs, The Collaborative for Frontier Finance, https://static1.squarespace.com/static/59d679428dd0414c16f59855/t/5bd00e22f9619a14c84d2a6c/1540361837186/Missing_Middles_CFF_Report.pdf.

CNUCED (2020a), UNCTADSTAT (base de dados), Conferência das, Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, https://unctadstat.unctad.org/wds/ReportFolders/reportFolders.aspx (último acesso em 2 de maio de 2020).

CNUCED (2020b), World Investment Report 2020: International Production Beyond the Pandemic, Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Nações Unidas, Nova Iorque, https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/wir2020_en.pdf.

CNUCED (2020c), Data Protection and Privacy Legislation Worldwide (base de dados), Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, https://unctad.org/page/data-protection-and-privacy-legislation-worldwide (último acesso em 6 de julho de 2020).

CNUCED (2018), «African Continental Free Trade Area: Challenges and opportunities of tariff reductions», Research Paper, No. 15, Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/ser-rp-2017d15_en.pdf.

Comissão Europeia (2019a), «Commission report on the review of the roaming market», Shaping Europe’s digital future, https://digital-strategy.ec.europa.eu/en/library/commission-report-review-roaming-market (último acesso em 20 de julho de 2020).

Comissão Europeia (2019b), A Digital Single Market for the Benefit of All Europeans, https://ec.europa.eu/newsroom/dae/document.cfm?doc_id=53056.

Crunchbase (2020), Crunchbase Pro (base de dados), www.crunchbase.com (último acesso em 28 de junho de 2020).

CUA (2020a), Projecto de Estratégia de Transformação Digital para África (2020-2030), Comissão da União Africana, Adis Abeba, https://au.int/sites/default/files/newsevents/workingdocuments/38223-wd-digital_transformation_strategy_p.pdf.

CUA (2020b), «List of countries which have signed, ratified/acceded to the African Union Convention on Cyber Security and Personal Data Protection», Comissão da União Africana, Adis Abeba, https://au.int/en/treaties/african-union-convention-cyber-security-and-personal-data-protection (último acesso em 20 de julho de 2020).

CUA (2019), African Space Strategy: For Social, Political and Economic Integration, Comissão da União Africana, Adis Abeba, https://au.int/en/documents/20191007/african-space-strategy-towards-social-political-and-economic-integration.

CUA/A e-Trade Group (2018), «African Union Commission and African E-Trade Group unleash the power of e-commerce in Africa», Comunicado de Imprensa Conjunto, Adis Abeba, https://au.int/sites/default/files/pressreleases/35219-pr-press_release_-_au-african-e-trade.pdf (último acesso em 20 de julho de 2020).

CUA/AUDA-NEPAD/BAfD (2020), «PIDA projects dashboard», Virtual PIDA Information Centre, Programa de Desenvolvimento das Infraestruturas em África e Agência de Desenvolvimento da União Africana-NEPAD, www.au-pida.org/pida-projects/ (último acesso em 20 de julho de 2020).

CUA/OCDE (2019), Dinâmicas do Desenvolvimento em África 2019: Alcançar a Transformação Produtiva, Publicações OCDE, Paris/CUA, Adis Abeba, https://doi.org/10.1787/a9bd7ae4-pt.

CUA/OCDE (2018), Dinâmicas do Desenvolvimento em África 2018: Crescimento, Emprego e Desigualdades, Publicações OCDE, Paris/CUA, Adis Abeba, https://doi.org/10.1787/9789264306301-pt.

Cullen International (2019), Regional and Sub-Regional Approaches to the Digital Economy: Lessons from Asia Pacific and Latin America, CAF, Caracas, https://scioteca.caf.com/handle/123456789/1381.

Cullen International (2016), Building a Digital Single Market Strategy for Latin America, CAF, Buenos Aires, https://scioteca.caf.com/handle/123456789/980.

Dahlman, C., S. Mealy e M. Wermelinger (2016), «Harnessing the digital economy for developing countries», Documentos de Trabalho do Centro de Desenvolvimento da OCDE, n° 334, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/4adffb24-en.

D’Andrea, A. e N. Limodio (2019), «High-speed internet, financial technology and banking in Africa», Working Paper Series, No. 124, ftp://ftp.unibocconi.it/pub/RePEc/baf/papers/cbafwp19124.pdf.

Demirgüç-Kunt, A. et al. (2018), The Global Findex Database 2017: Measuring Financial Inclusion and the Fintech Revolution, Banco Mundial, Washington, DC, http://microdata.worldbank.org/index.php/catalog/global-findex (último acesso em 1 de fevereiro de 2020).

Digest Africa (2019), «After expanding to Kenya, Egypt’s Swvl is now headed to Uganda», Kampala, https://digestafrica.com/kenya-egypt-swvl-expand-uganda (último acesso em 19 de agosto de 2020).

Djiofack, C. Z., H. Dudu e A. G. Zeufack (2020), «Assessing COVID-19’s economic impact in sub-Saharan Africa: Insights from a CGE model» in COVID-19 in Developing Economies, VoxEU, CEPR Press, Londres, pp. 53-68, https://voxeu.org/content/covid-19-developing-economies (último acesso em 23 de julho de 2020).

Farrah, R. (2018), «Here is what’s holding back Africa’s digital revolution», World Economic Forum, www.weforum.org/agenda/2018/03/here-is-whats-holding-back-africas-digital-revolution/ (último acesso em 20 de julho de 2020).

Ferracane, M. e E. van der Marel (2018), «Do Data policy restrictions inhibit trade in services?», European Centre for International Political Economy, https://ecipe.org/publications/do-data-policy-restrictions-inhibit-trade-in-services/.

Findexable (2019), Global Fintech Index 2020: City Rankings Report, Londres, https://findexable.com/global-fintech-index-2020-city-rankings-report-registration/ (último acesso em 27 de julho de 2020).

FMI (2020a), «COVID-9: An unprecedented threat to development», Regional Economic Outlook: Sub-Saharan Africa, Fundo Monetário Internacional, Washington, DC, www.imf.org/en/Publications/REO/SSA/Issues/2020/04/01/sreo0420.

FMI (2020b), Policy responses to COVID-19: Policy tracker (portal Web), Fundo Monetário Internacional, Washington, DC, www.imf.org/en/Topics/imf-and-covid19/Policy-Responses-to-COVID-19 (último acesso em 15 de junho de 2020).

FMI (2020c), World Economic Outlook, abril de 2020 (base de dados), Fundo Monetário Internacional, Washington, DC, www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2020/01/weodata/index.aspx (último acesso em 10 de maio de 2020).

Foster, C. e M. Graham (2016), «Reconsidering the role of the digital», Global networks, vol. 17, pp. 68-88, https://doi.org/10.1111/glob.12142.

Gallup (2019), Gallup World Poll, www.gallup.com/analytics/232838/world-poll.aspx (último acesso em 1 de fevereiro de 2020).

GEM (2020), «Entrepreneurial Behaviour and Attitudes: the Adult Population Survey (APS)», Global Entrepreneurship Monitor (base de dados), www.gemconsortium.org/data/key-aps (último acesso em 22 de julho de 2020).

Ghani, E. e S. D. O’Connell (2014), «Can service be a growth escalator in low income countries?», Policy Research Working Paper, n° 6971, Banco Mundial, http://documents1.worldbank.org/curated/en/823731468002999348/pdf/WPS6971.pdf.

Gillwald, A., F. Odufuwa e O. Mothobi (2018), «State of ICT in Nigeria», Research ICT Africa, Policy Paper, No. 3, Series 5: After Access, Cidade do Cabo, https://researchictafrica.net/wp/wp-content/uploads/2018/12/After-Access-Nigeria-State-of-ICT-2017.pdf.

Gillwald, A., O. Mothobi e B. Rademan (2018), «The State of ICT in South Africa», Research ICT Africa, Policy Paper No. 5, Series 5: After Access, Cidade do Cabo, https://researchictafrica.net/wp/wp-content/uploads/2018/10/after-access-south-africa-state-of-ict-2017-south-africa-report_04.pdf (último acesso em 24 de julho de 2020).

Global Trade Alert (2020), 21st Century Tracking of Pandemic-Era Trade Policies in Food and Medical Products, www.globaltradealert.org/reports/54 (último acesso em 23 de julho de 2020).

GSMA (2020a), GSMA Intelligence (base de dados), www.gsmaintelligence.com/data/ (último acesso em 28 de junho de 2020).

GSMA (2020b), Mobile money recommendations to central banks in response to COVID-19, GSM Association, Londres, www.gsma.com/mobilefordevelopment/wp-content/uploads/2020/04/Mobile-money-recommendations-to-central-banks-in-response-to-COVID-19.pdf (último acesso em 27 de julho de 2020).

Hamilton Research (2020), «Africa: Africa’s Operational Fibre Optic Network Reaches 1 Million Route Kilometres», Africa Bandwidth Maps, www.africabandwidthmaps.com/?p=6158.

Hjort, J. e J. Poulsen (2019), «The arrival of fast internet and employment in Africa», American Economic Review, Vol. 109(3), pp. 1032-1079, https://doi.org/10.1257/aer.20161385.

ICA (2018), Tendances du Financement des Infrastructures en Afrique 2018, Consórcio para as Infraestruturas em África, Abidjan, Côte d’Ivoire, www.icafrica.org/fileadmin/documents/IFT_2018/ICA_Infrastructure_Financing_Trends_in_Africa_-_2018_Final_En.pdf.

IFR (2020), «Executive summary world robotics 2019 industrial robots», Federação Internacional de Robótica, pp. 13-16, https://ifr.org/downloads/press2018/Executive%20Summary%20WR%202019%20Industrial%20Robots.pdf (último acesso em 23 de julho de 2020).

Kazeem, Y. (2020), «Goldman Sachs joined a $55 million funding round in South African fintech startup Jumo», Quartz Africa, https://qz.com/africa/1808669/goldman-sachs-leads-55m-raise-in-south-african-fintech-jumo/.

KNBS (2018), Economic Survey 2018, Kenya National Bureau of Statistics (KNBS), Nairobi, www.knbs.or.ke/?wpdmpro=economic-survey-2018 (último acesso em 19 de agosto de 2020).

KnowBe4 (2019), Security Threats and Trends Report, www.knowbe4.com/hubfs/KnowBe4%202019%20Security%20Threats%20and%20Trends%20Survey%20Report.pdf.

KoTDA (2019), «Konza Technology City approved as Kenya’s Vision 2030 flagship project», Nairobi, www.konza.go.ke/timeline/konza-technology-city-approved-as-kenyas-vision-2030-flagship-project/ (último acesso em 19 de agosto de 2020).

Lin, J. Y. (2011), «New structural economics: A framework for rethinking development», The World Bank Research Observer, Vol. 26/2, Oxford University Press, https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/13508/wbro_26_2_193.pdf?sequence=1 (último acesso em 17 de julho de 2020).

Lin, J. Y. e Celestin Monga (2010), «Growth identification and facilitation: The role of the state in the dynamics of structural change», Policy Research Working Paper, No. WPS 5313, Banco Mundial, http://hdl.handle.net/10986/3798.

LinkedIn (s.d.), perfis, www.linkedin.com (último acesso em 17 de abril de 2020).

Many Possibilities (2020), The African Terrestrial Fibre Optic Cable Mapping Project (AfTerFibre), Open data source, https://manypossibilities.net/afterfibre/ (último acesso em 21 de julho de 2020).

Miroudot, S. e H. Nordström (2019), «Made in the world revisited», RSCAS Applied Network Science Working Paper No. 2019/84, European University Institute, https://cadmus.eui.eu/bitstream/handle/1814/64724/RSCAS%202019_84.pdf?sequence=1&isAllowed=y.

Muchanga, A. (2020), «The African Continental Free Trade Area: From agreement to impact», Great Insights, Vol. 9/1, European Centre for Development Policy Management, https://ecdpm.org/wp-content/uploads/ECDPM_Great_Insights_AFCFTA_Vol9_issue1.pdf.

Ndung’u, N. (2019), «Digital technology and state capacity in Kenya», Policy paper 154, Center for Global Development, Washington, DC, www.cgdev.org/sites/default/files/digital-technology-and-state-capacity-kenya.pdf (último acesso em 17 de julho de 2020).

OCDE (2020a), «Country policy tracker», Tackling Coronavirus (Covid-19): Contributing to a Global Effort, www.oecd.org/coronavirus/country-policy-tracker/ (último acesso em 15 de junho de 2020).

OCDE (2020b), «COVID-19 and global value chains: Policy options to build more resilient production networks», https://read.oecd-ilibrary.org/view/?ref=134_134302-ocsbti4mh1&title=COVID-19-and-Global-Value-Chains-Chains-Policy-Options-to-Build-More-Resilient-Production-Networks.

OCDE (2020c), A roadmap toward a common framework for measuring the Digital Economy, Report for the G20 Digital Economy Task Force, Arábia Saudita, www.oecd.org/sti/roadmap-toward-a-common-framework-for-measuring-the-digital-economy.pdf.

OCDE (2019a), Going Digital: Shaping Policies, Improving Lives, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/9789264312012-en.

OCDE (2019b), The Space Economy in Figures: How Space Contributes to the Global Economy, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/c5996201-en.

OCDE (2019c), Regulatory Effectiveness in the Era of Digitalisation, www.oecd.org/gov/regulatory-policy/Regulatory-effectiveness-in-the-era-of-digitalisation.pdf.

OCDE (2017a), The Next Production Revolution: Implications for Governments and Business, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/9789264271036-en.

OCDE (2017b), Youth Aspirations and the Reality of Jobs in Developing Countries: Mind the Gap, Development Centre Studies, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/9789264285668-en.

OCDE (2016), A New Rural Development Paradigm for the 21st Century: A Toolkit for Developing Countries, Estudos do Centro de Desenvolvimento, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/9789264252271-en.

OCDE (2015), Digital Security Risk Management for Economic and Social Prosperity: OECD Recommendation and Companion Document, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/9789264245471-en.

OCDE (2013), «Measuring the Internet economy: A contribution to the research agenda», OECD Digital Economy Papers, No. 226, Publicações OCDE, Paris, https://doi.org/10.1787/5k43gjg6r8jf-en.

OCDE/ACET (2020), Quality Infrastructure in 21st Century Africa: Prioritising, Accelerating and Scaling up in the Context of PIDA (2021-30), OCDE, Paris/African Center for Economic Transformation, Acra, www.oecd.org/dev/Africa-Quality-infrastructure-21st-century.pdf.

Ochieng, A. e I. K. Fokuo, Jr (2020), «Where to invest in Africa in the face of COVID-19», African Business Magazine, https://africanbusinessmagazine.com/sectors/technology/where-to-invest-in-africa-in-the-face-of-covid-19/ (último acesso em 27 de julho de 2020).

OIT (2020), Global Employment Trends for Youth 2020: Technology and the Future of Jobs, Organização Internacional do Trabalho, Genebra, www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/---publ/documents/publication/wcms_737648.pdf.

OIT (2019), ILOSTAT: Estatísticas do Emprego (base de dados), https://ilostat.ilo.org/topics/employment/ (último acesso em 2 de março de 2020).

OIT (2018), Women and Men in the Informal Economy: A Statistical Picture (3ª edicão), Organização Internacional do Trabalho, Genebra, www.ilo.org/global/publications/books/WCMS_626831/lang--en/index.htm.

OMC (2020), «Trade set to plunge as COVID-19 pandemic upends global economy», Press release 855, Organização Mundial do Comércio, Genebra, https://www.wto.org/english/news_e/pres20_e/pr855_e.pdf (último acesso em 8 de abril de 2020).

Sadibe, A. (2020), «In post-pandemic Africa, small businesses could be key to recovery», World Economic Forum, www.weforum.org/agenda/2020/06/strengthening-africa-s-best-pandemic-defense/ (último acesso em 27 de julho de 2020).

Serianu (2017), Africa Cyber Security Report 2017: Demystifying Africa’s Cyber Security Poverty Line, Nairobi, www.serianu.com/downloads/AfricaCyberSecurityReport2017.pdf (último acesso em 27 de julho de 2020).

Startup Genome (2019), Global Startup Ecosystem Report 2019, https://startupgenome.com/reports/global-startup-ecosystem-report-2019.

Suri, T. e Jack, W. (2016), «The long-run poverty and gender impacts of mobile money», Science, Vol. 354, Issue 6317, pp. 1288-1292, https://science.sciencemag.org/content/354/6317/1288 (último acesso em 1 de maio de 2020).

Techpoint (2019), Nigerian Startup Funding Report 2019 Annual, https://intelligence.techpoint.africa/form.php?report=NSFR2019 (último acesso em 19 de agosto de 2020).

Toulmin, C. (2009), «Securing land and property rights in sub-Saharan Africa: The role of local institutions», Land Use Policy, Vol. 26/1, pp. 10-19, https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264837708000811.

UIT (2020), World Telecommunication/ICT Indicators (base de dados), União Internacional de Telecomunicações, Genebra, www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Pages/publications/wtid.aspx (último acesso em 1 de fevereiro de 2020).

UIT (2017), International Mobile Roaming Strategic Guidelines, União Internacional de Telecomunicações, Genebra, pp. 25-32, https://www.itu.int/myitu/-/media/Publications/2018-Publications/BDT-2018/ITU-International-Mobile-Roaming-IMR-Strategic-Guidelines.pdf.

UIT (2016), «A case study of ONA: East Africa One Network Area roaming initiative», Regional Initiatives Africa, União Internacional de Telecomunicações, Genebra, www.itu.int/dms_pub/itu-d/opb/pref/D-PREF-EF.ONA-2016-PDF-E.pdf.

UIT (2012), Impact of Broadband on the Economy: Research to Date and Policy Issues, Broadband Reports, União Internacional de Telecomunicações, Genebra, http://handle.itu.int/11.1002/pub/807b38cb-en (último acesso em 27 de julho de 2020).

UIT/UNESCO (2019), Connecting Africa through Broadband: A Strategy for Doubling Connectivity by 2021 and Reaching Universal Access by 2030, https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/131521594177485720/connecting-africa-through-broadband-a-strategy-for-doubling-connectivity-by-2021-and-reaching-universal-access-by-2030.

UNESCO (2020), «National learning platforms and tools», Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, https://en.unesco.org/covid19/educationresponse/nationalresponses (último acesso em 27 de julho de 2020).

Ventureburn (2018), «Konza City headquarters expected to be completed by December says agency head», Startup News, Ventureburn, https://ventureburn.com/2018/09/konza-city-headquarters-completion-december/ (último acesso em 19 de agosto de 2020).

Wittgenstein Centre for Demography and Global Human Capital (2018), Wittgenstein Centre Data Explorer Version 2.0 (Beta) (base de dados), www.wittgensteincentre.org/dataexplorer (último acesso em 1 de março de 2020).

Notas

← 1. No Ruanda, as transferências entre particulares aumentaram 377% em apenas cinco semanas após esta decisão e o número de transações chegou aos 3 milhões por semana, face a 0.9 milhões na semana anterior a esta decisão (artigo de imprensa disponível em https://nextbillion.net/covid-rwanda-mobile-money/).

← 2. O M-PESA, o serviço de pagamentos móveis do Quénia, foi criado em 2005 como uma experiência para reembolso de empréstimos através de telemóveis no âmbito de sistemas de microcrédito, graças a uma parceria público-privada entre o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, o governo do Quénia e a Vodafone.

← 3. No presente relatório, a definição de juventude (ou de jovens) remete para a definição constante na Carta da Juventude da União Africana, que abrange a faixa etária dos 15 aos 35 anos. No entanto, por razões de disponibilidade de dados, as estatísticas apresentadas correspondem à faixa etária entre os 15 e os 29 anos.

← 4. Para abordar as questões de endogeneidade na determinação das relações de causa e efeito, este estudo utiliza as perturbações das redes de cabos submarinos causadas por sismos como uma variável instrumental da utilização do e-mail.

← 5. Uma vez que a penetração da internet fixa de banda larga (com fios) continua a ser muito limitada (menos de 5% da população em 2018), a maioria dos africanos acede à internet através dos seus telemóveis.

← 6. Para uma definição de segurança digital, cibersegurança, incidente de segurança digital e cibercriminalidade, ver OCDE, 2015: 4.

Metadata, Legal and Rights

Este documento e qualquer mapa aqui incluído foi elaborado sem prejuízo do status ou soberania de qualquer território, da delimitação de limites e fronteiras internacionais e do nome do território, cidade ou área. [missing text]

© AUC/OECD 2021

O uso do conteúdo do presente trabalho, tanto em formato digital quanto impresso, é regido pelos termos e condições seguintes: http://www.oecd.org/termsandconditions.