Sobrevivência ao câncer
Depois das doenças cardiovasculares, o câncer é a segunda causa de morte na ALC. Bray et al. estimaram que o câncer foi a causa de 670.000 mortes em 2018 na ALC (Bray et al., 2018[1]). Embora o câncer de próstata, de mama e colorretal sejam os principais cânceres na região, os tipos de câncer com baixas taxas de sobrevivência por cinco anos são um bom indicador da qualidade do atendimento avançado ao câncer no sistema de saúde de um país.
O câncer de pulmão (90 mil, 7% de todos os cânceres) e o câncer de estômago (67 mil, 5% de todos os cânceres) foram o quarto e o quinto cânceres mais comuns na região em 2018 (Jemal et al., 2019[2]). No entanto, a alta taxa de mortalidade do câncer de pulmão o torna a principal causa de morte (81 mil, 12% de todas as mortes por câncer), enquanto o câncer de estômago é responsável por 8% de todas as mortes por câncer (52 mil em 2018). A taxa média de sobrevivência por cinco anos para o câncer de pulmão nos países da OCDE é de 17,1% para pacientes diagnosticados entre 2010 e 2014. Essa taxa é de apenas 13,3% na ALC. Cuba tem a maior taxa de sobrevivência entre os países da ALC com dados disponíveis, com 30,1% dos pacientes com câncer de pulmão sobrevivendo após 5 anos, seguido por Costa Rica (20,1%). O Chile tem a menor taxa de sobrevivência de cinco anos registrada, com apenas 4,6%, metade da taxa de sobrevivência média da ALC e 73% menor do que a média da OCDE (Figura 7.7).
Para o câncer de estômago, a taxa média de sobrevivência por cinco anos da ALC é de 23,7% dos pacientes diagnosticados entre 2010 e 2014, enquanto a média da OCDE é de 29,6%. O Chile tem a menor sobrevida em cinco anos, com apenas 16,7% dos pacientes com câncer de estômago sobrevivendo após cinco anos. Costa Rica (40,6%) e Cuba (35,7%) lideram a região (Figura 7.8). O câncer colorretal causa quase 65 mil mortes por ano na ALC (Bray et al., 2018[1]). O termo colorretal inclui câncer do cólon e do reto, mas as taxas de sobrevivência são mais altas para os cânceres de cólon. A Costa Rica lidera o grupo de cinco países da ALC com dados disponíveis, com 93,5% dos pacientes sobrevivendo após 5 anos, seguida pelo Brasil (88,2%). O Equador tem a menor taxa de sobrevivência para câncer de cólon entre esses países, com 67,3% (Figura 7.9).
O melanoma de pele é responsável por 18.881 novos casos de câncer na ALC a cada ano e cerca de 5.650 mortes (Bray et al., 2018[1]). A Figura 7.10 apresenta a taxa de sobrevivência de cinco anos de pacientes diagnosticados com melanoma de pele. Os seis países da ALC com dados disponíveis estão abaixo da taxa média da OCDE de 83%. A Costa Rica tem a maior sobrevida do grupo, com 77,2%, enquanto o Equador tem a menor, com 57,9%.
A sobervivência em cinco anos refere-se à probabilidade cumulativa de pacientes com câncer sobreviverem cinco anos após o diagnóstico, após a correção do risco de morte por outras causas, que varia muito entre os países, ao longo do tempo, por idade e sexo. A sobrevivência líquida é expressa como uma porcentagem no intervalo de 1-100%. A abordagem de período é usada para permitir a estimativa da sobrevida por cinco anos quando não há cinco anos de acompanhamento disponíveis para todos os pacientes. As estimativas de sobrevivência ao câncer para todas as idades combinadas são padronizadas -com os pesos do Padrão Internacional de Sobrevivência ao Câncer. A coleta de dados, o controle de qualidade e a análise foram realizados de forma centralizada como parte do programa CONCORD para a vigilância global da sobrevivência ao câncer, liderado pela London School of Hygiene and Tropical Medicine (Allemani et al., 2018[3]). Quando os dados nacionais não estavam disponíveis, o programa CONCORD analisou os dados disponíveis dos registros regionais, mas na maioria dos países as análises foram baseadas na cobertura nacional, facilitando a comparação internacional.
Referências
[3] Allemani, C. et al. (2018), “Global surveillance of trends in cancer survival 2000–14 (CONCORD-3): analysis of individual records for 37 513 025 patients diagnosed with one of 18 cancers from 322 population-based registries in 71 countries”, The Lancet, Vol. 391/10125, pp. 1023-1075, https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)33326-3.
[1] Bray, F. et al. (2018), “Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries”, CA: A Cancer Journal for Clinicians, Vol. 68/6, pp. 394-424, https://doi.org/10.3322/caac.21492.
[2] Jemal, A. et al. (eds.) (2019), The Cancer Atlas, 3rd edition, American Cancer Society, Atlanta, http://www.cancer.org/canceratlas.